Futebol de Cinco

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Disputadas por atletas com deficiência visual, as partidas do futebol de 5 são certamente algumas das mais emocionantes dos Jogos Paralímpicos. Cada equipe é composta de cinco atletas, que utilizam vendas nos olhos para evitar que aqueles que apresentam percepção luminosa levem vantagem. A bola possui guizos em seu interior. Os jogadores orientam-se pelo seu som, e também pelas orientações dos chamadores, que ficam posicionados atrás da meta adversária. Técnicos e goleiros, os únicos jogadores que enxergam, também podem passar orientações. Muitas regras são as mesmas do futebol convencional, mas existem diferenças, como a ausência da regra do impedimento e da saída lateral da bola, pois bandas laterais de aproximadamente 1,20m impedem a sua saída. Cada partida dura 50 minutos. O futebol de 5 fez sua estréia nos Jogos de Atenas, em 2004.

COMO É PRATICADO




No Brasil, o futebol de cinco foi disseminado em virtude da forte representação cultural da modalidade, que é capaz de atrair pessoas de todas as idades.
No seu início, as adaptações adotadas para a participação das pessoas cegas no jogo permitiam o uso de qualquer recurso que pudesse produzir som na bola, ou mesmo a utilização de outros objetos no lugar da bola: tampas de latas, recipientes com pequenos objetos dentro, que resultavam no efeito chocalho.
Na atualidade, o futebol de cinco é uma modalidade oficial regulamentada pela IBSA e pela Confederação Brasileira de Desportos para Cegos.
Várias adaptações foram feitas, mas a emoção do jogo foi mantida. Cada time tem um “chamador”, pessoa que fica atrás do gol adversário, orientando o ataque. Ao goleiro, cumpre também a tarefa de orientar a defesa. Cobrança de pênalti e tiro direto têm um ritual específico: o “chamador” bate uma pequena barra de ferro nas duas traves para dar ao atleta a dimensão do gol. As laterais da quadra são cercadas de bandas, proteções que impedem que a bola saia. Isso tornou as partidas mais dinâmicas. Só há cobrança do lateral, com os pés, se a bola ultrapassar essas bandas. Caso contrário, o jogo segue normalmente.
Hoje somos o país com maior número de equipes no mundo, com 40 times distribuídos por 21 Estados. Por isso, o Brasil é também a nação que mais realiza competições.


Iniciação


É de extrema importância, para a boa iniciação do futebol de cinco, tomar algumas precauções. O desenvolvimento do desporto deve ser iniciado com atividades de orientação e mobilidade e percepção auditiva, noções de lateralidade, noções de espaço temporal, trabalhando em diferentes ritmos e formas. O reconhecimento das dimensões do local, onde a atividade será desenvolvida, também se faz importante. O não-desenvolvimento desse complexo senso perceptivo motor acarretará ao aluno maior possibilidade de acidentes, o que poderá causar desmotivação na pessoa para a prática do exercício. Então, inicia-se o trabalho específico, desenvolvendo e dando ênfase aos fundamentos do futebol de cinco.




Percepção auditiva e deslocamento

Algumas atividades sugeridas para que se alcance o objetivo final:
  1. Dispor os alunos em círculo com apenas um deles ao centro. Um dos alunos bate palmas e o que está no centro deve deslocar-se em sua direção. Aspectos importantes:
    1. o professor comanda quem irá bater as palmas para evitar a emissão de mais de um estímulo auditivo;
    2. o aluno que estiver na roda deverá posicionar-se com os braços estendidos à frente para a prevenção de um possível choque;
    3. o estímulo poderá ser por voz, palmas ou com uso de uma bola com guizo.
  2. Fazendo uso das dimensões da quadra, posicionar a bola com guizos em um dos lados da quadra, em determinado ponto (escanteio, área de gol...), e posicionar os alunos em fila única no outro lado da quadra; ao comando do professor, um aluno de cada vez vai sair na direção da bola que estará sendo movimentada num determinado ponto prestabelecido.
  3. Deslocar-se ao comando auditivo, com variação de direção (direita, esquerda, atrás, frente) e de movimento corporal (com os dois pés juntos, de costas, de lado...). Observação: o professor deverá comandar a corrida para um aluno de cada vez e dar um intervalo de segurança entre um e outro.


Condução de bola


A condução da bola pelo cego deve acontecer de maneira que o aluno não perca o contato da bola com os pés, podendo ser efetuada entre os jogadores, fazendo com que ela se desloque de um pé para o outro.
  1. Em duplas, um de frente para o outro, orientar um aluno para que se desloque até o outro com a bola entre os pés, arrastando-os para não perder o contato com a bola. Considerações importantes:
    1. A bola deverá estar sempre à frente do corpo e não embaixo ou atrás;
    2. é importante que o aluno experimente outros meios de deslocamento, como passar o pé por cima da bola ou jogá-la à frente e tentar alcançá-la e dominá-la.
  2. Em duas filas, posicionadas cada uma numa lateral de quadra, ao comando do professor, o aluno conduzirá a bola até a outra linha de fundo, onde outros dois alunos estarão posicionados à frente de cada fila, auxiliando com palmas a direção correta; o aluno que estava de “chamador”, conduzirá a bola até a fila novamente e assim por diante.




Passe

Uma vez que o futebol de cinco é um esporte coletivo, deve ser dada ênfase aos trabalhos de passe. É importante orientar o aluno no sentido de que a bola deverá estar em seu completo domínio; ele deverá ter também uma boa noção da posição de seu companheiro, sendo de suma importância a comunicação verbal entre eles. O passe deve ser efetuado de maneira que a bola produza um bom som (bola rasteira ou bola quicada), oferecendo melhor condição de recepção.
  1. Com a turma dividida em duplas, os jogadores deverão posicionar-se um de frente para o outro, com uma bola, passando-a com o lado interno dos pés, um para o outro. Deve dar-se um afastamento de pelo menos cinco metros entre uma dupla e outra para evitar choques, caso a bola escape de uma das duplas; começar com uma distância pequena e depois aumentar, pois uma grande distância aumentará as chances de erro nos passes, podendo desanimar os alunos.
  2. Na mesma formação, pedir que passem a bola com partes diferentes do pé (de calcanhar, parte externa dos pés, com a direita, com a esquerda...).


Recepção

A recepção deve ser feita com as pernas ligeiramente afastadas, com os pés na seguinte posição: calcanhares quase se tocando e as pontas dos pés afastadas formando um ângulo aproximado de 45° a uma distância não maior que o diâmetro de uma bola de futsal, para que haja eficiência na recepção.
  1. Orientar o aluno que, para pisar na bola, deve antes esperar que ela toque em suas pernas; para aumentar a área de recepção pode orientá-lo para afastar as pernas, com a ponta dos pés virada para a direita, flexionar as pernas lateralmente aproximando o joelho da perna esquerda do chão, com a perna direita semiflexionada. Repetir o exercício para o outro lado. Na formação de duplas, ficar um de frente para o outro, passando a bola e recepcionando a bola do companheiro.
  2. Colocar o grupo em uma lateral da quadra e, no meio dela, chamar um de cada vez para o centro, lançando uma bola, para que domine e passe de volta. Orientar para que o jogador sempre posicione sua cabeça com o nariz apontado na direção da bola.
  3. Na formação anterior, o aluno se deslocará de costas até o centro e, ao comando de um apito, ficará de frente para a bola que será lançada para que ele a domine.


Chute

O chute pode ser realizado com a bola parada ou em movimento. Este fundamento pode ser trabalhado de maneiras diferentes, utilizando a parte interna (de peito de pé ou de bico). No chute com bola parada, o aluno deve ter a perfeita noção do posicionamento da bola, bem como a percepção da localização do gol. No chute com a bola em movimento, o aluno também deverá ter o domínio e a localização da bola, mesmo na condução ou no chute realizado a um passe ou lançamento. Outra característica do chute do futcinco: o chute geralmente é realizado sem o distanciamento do jogador em relação à bola.
  1. Colocar o grupo posicionado no centro da quadra, no primeiro apito do professor, o aluno conduzirá a bola e, no segundo apito, o aluno realizará o chute a gol. Fazer variação da posição da fila na quadra para trabalhar chute cruzado e, com a variação de pernas, realizar chutes com a direita e esquerda e chutes de bico e peito de pé.
  2. Posicionar os alunos na linha lateral, na altura do meio da quadra; um aluno tocará a bola para outro posicionado à frente da área que, sem dominar a bola, tentará o chute direto para o gol; quem fez o passe vai para a posição de chute.

Drible

No futebol de cinco, em geral, não há ginga. O drible é feito com o som da bola, quando um atleta a conduz e pára, fazendo com que o adversário se dirija àquele ponto onde a bola parou. Em seguida, o jogador com a posse da bola muda de direção repentinamente, deixando o seu adversário para trás. A mudança de direção e velocidade alternadas na condução dessa bola significa, para um cego, um bom drible.
  1. Alunos posicionados em fila na linha de fundo da quadra; um aluno de cada vez conduzirá a bola e, como se estivesse driblando um adversário, efetuará fintas, pisará em cima da bola toda vez que o professor apitar, mudará a direção e a velocidade da condução de bola a cada apito. Procure estimular diferentes formas de dribles e condução de bola.

fonte da postagem:  http://www.informacao.srv.br/


Esporte Paralímpico - editores Marco Túlio de Mello, Ciro Winckler de Oliveira Filho-São Paulo :Editora Atheneu, 2012
http://formacaofutebolde7.blogspot.com.br/2007/05/etapas-percorrer-no-ensino-do-futebol.html


3 comentários:

Unknown disse...

não tem pontuação

Helloiza Alonso disse...

excelente essas aulas de futebol na Zona Norte recomendo a todos os meus amigos, muito bacana. Parabéns

Minas cap disse...

Que interessante essa matéria que acabei de ler, até compartilhei no meu Facebook. pernambuco dá sorte

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